Cobertura Vacinal Infantil Contra COVID-19 Abaixo de 12%: Alerta para o Aumento de Mortes

A taxa de cobertura vacinal completa contra a COVID-19 em crianças tem sido alarmantemente baixa, representando um sério alerta diante da persistência no número de mortes causadas pela doença. Os dados recentes, divulgados pelo Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), uma parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Faculdade de Medicina de Petrópolis, revelam que apenas 11,4% dos jovens com menos de 14 anos receberam as três doses do imunizante.

Desde 2023, a vacina contra a COVID-19 está disponível para crianças a partir de seis meses de idade, com um esquema vacinal completo composto por três doses. No entanto, observa-se que, quanto menor a idade, menor tem sido a aplicação do imunizante. Entre as crianças de 6 meses a 2 anos, apenas 6,3% completaram o ciclo de três aplicações, enquanto na faixa etária de 3 a 4 anos, apenas 6,7% receberam a cobertura vacinal completa.

Os números continuam preocupantes mesmo entre as faixas etárias mais altas. Entre as crianças de 5 a 11 anos, pouco mais da metade recebeu duas aplicações, representando 56%, enquanto apenas 12,8% tomaram todas as três doses.

Impacto da Vacinação nas Taxas de Mortalidade Infantil

O boletim também destaca a relação entre a vacinação e as taxas de mortalidade infantil decorrentes da COVID-19. Comparando os dados das oito primeiras semanas dos anos entre 2021 e 2024, fica evidente o papel crucial da imunização na proteção das crianças.

Em 2021, foram registradas 118 mortes de crianças com até 14 anos, representando 38,3% do total de óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na faixa etária. No ano seguinte, esse número aumentou significativamente para 326, equivalendo a 47,1% das mortes por SRAG.

Entretanto, em 2023, ano em que a vacinação para crianças a partir de seis meses de idade foi implementada, houve uma regressão no número de mortes, totalizando 50 óbitos, o que representou 24,5% do total de óbitos por SRAG. Em 2024, embora o número de mortes tenha se mantido praticamente o mesmo, com 48 óbitos, houve um aumento percentual para 32,4% dos casos de morte por SRAG.

Necessidade Urgente de Intensificação da Vacinação Infantil

Para a Fiocruz, esses dados ressaltam a eficácia da vacinação e a urgência em intensificar os esforços nesse sentido. Os pesquisadores alertam que a persistência no número de mortes entre 2023 e 2024 pode estar diretamente ligada à baixa cobertura vacinal.

“Apesar da diminuição observada entre 2022 e 2023, a relativa estabilidade dos números de óbitos em 2024 é preocupante, sublinhando a necessidade urgente de esforços concentrados para aumentar a cobertura vacinal entre crianças e adolescentes, como uma estratégia chave para combater efetivamente a disseminação do coronavírus e proteger os mais jovens das formas graves da doença”, afirma o boletim.

Apelo à Ação

Cristiano Boccolini, coordenador do Observa Infância, enfatiza a importância de utilizar os recursos disponíveis para garantir a saúde das crianças, especialmente em um contexto desfavorável com a circulação de outras doenças perigosas, como a dengue. “Temos uma vacina segura, eficiente e disponível em todos os municípios. Precisamos usar o recurso que nós temos para garantir a saúde das crianças, especialmente em um cenário desfavorável com a circulação de outras doenças perigosas, como a dengue”, alerta Boccolini.