Mercado mantém previsão de crescimento baixo e inflação acima da meta para 2025, revela Banco Central
Com PIB estagnado em 1,97% e inflação projetada em 5,65%, cenário econômico levanta alerta sobre eficácia da política monetária do governo Lula
As projeções econômicas mais recentes, divulgadas nesta segunda-feira (7) pelo Banco Central através do Boletim Focus, indicam que o Brasil segue em um ciclo de estagnação econômica com inflação elevada. A expectativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) para 2025 está congelada em 1,97%, enquanto a inflação prevista chega a 5,65%, ultrapassando o teto da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Especialistas avaliam que o cenário é reflexo direto da falta de sinalizações claras do governo federal quanto ao controle fiscal, somada ao impacto de juros altos, dólar instável e pressão contínua nos preços da energia e dos alimentos. O dólar deve fechar o ano cotado a R$ 5,90, e o mercado já espera a Selic em 15% ao ano até dezembro, o que pode restringir ainda mais o consumo e o investimento produtivo.
Economia em compasso de espera
Segundo o relatório, as previsões para o crescimento do PIB nos próximos anos também permanecem inalteradas: 1,6% para 2026 e 2% para 2027 e 2028. O número é preocupante diante da necessidade de maior dinamismo econômico para gerar empregos, reduzir desigualdades e sustentar os programas sociais defendidos pelo atual governo.
Ao mesmo tempo, a inflação segue pressionada. Em fevereiro, o IPCA registrou alta de 1,31%, o pior resultado para o mês desde 2003, puxado pela conta de luz. Em 12 meses, o índice acumula 5,06%, indicando perda do poder de compra da população e persistência inflacionária acima dos padrões aceitáveis.
Juros altos, consumo baixo e confiança em xeque
O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic para 14,25% ao ano em março e indicou que novos aumentos devem ocorrer, porém em menor magnitude. Para conter a inflação, o governo aposta no encarecimento do crédito e na retração do consumo, estratégia que pode funcionar no curto prazo, mas afeta diretamente o crescimento econômico.
O mercado financeiro prevê que a taxa básica de juros atinja 15% até o final de 2025. A partir de 2026, projeta-se recuo gradual para 12,5%, depois para 10,5% em 2027 e 10% em 2028.
Esse cenário reforça a desconfiança dos investidores e acende um alerta para o risco de recessão caso não haja uma política econômica mais eficiente. A estagnação do crescimento, aliada à inflação elevada e à falta de previsibilidade fiscal, pode travar qualquer perspectiva de retomada mais robusta.