Bancos enfrentam desafios de rentabilidade e desaceleração do crédito durante o primeiro semestre

Durante o primeiro semestre de 2023, os bancos enfrentaram uma queda de 6% na rentabilidade em comparação com o mesmo período do ano anterior, revela o Relatório de Estabilidade Financeira do Banco Central. O lucro líquido do sistema bancário nos últimos 12 meses, encerrados em junho, atingiu a marca de R$ 134,4 bilhões. A despeito desse declínio, as perspectivas para os próximos meses se mantêm positivas, segundo a autarquia.

A redução na rentabilidade é atribuída ao aumento das despesas com provisões para riscos de crédito, captação e custos administrativos. O Banco Central destaca que o panorama para os trimestres seguintes aponta para uma melhora na rentabilidade das instituições financeiras. A expectativa é respaldada pela previsão de uma qualidade aprimorada nas novas concessões e uma redução nas estimativas de perdas nas carteiras de crédito, o que indica menores pressões por meio de provisões.

Além disso, o ciclo de flexibilização monetária gradual, que implica na redução das taxas de juros básicas, é favorável, reduzindo as despesas de captação dos bancos. Este ciclo, por sua vez, é esperado para impulsionar a demanda por crédito e outros serviços bancários, ao mesmo tempo que diminui a pressão sobre a capacidade de pagamento de famílias e empresas, conforme explica o BC.

Contudo, a desaceleração do crédito se faz presente. A taxa média de juros das concessões de crédito caiu nos últimos quatro meses, desacelerando em um período de 12 meses, em meio a uma redução da taxa básica de juros, a Selic, que está em 12,25% ao ano. Previsões apontam para uma queda adicional da Selic, atingindo 11,75% até o final do ano, impactando assim a taxa de captação dos bancos.

Desafios e Regulamentações do Crédito Rotativo e Desaceleração do Crédito

O relatório destaca a atenção necessária sobre o crédito rotativo, especialmente com o recente limite sancionado pelo presidente, que determina que os juros não podem ser maiores que o valor original da dívida. Esta modalidade, conhecida por ser uma das mais altas no mercado, enfrenta discussões e regulamentações que podem impactar sua viabilidade e a oferta de crédito.

O documento revela que a desaceleração do crédito, principalmente nos três primeiros meses do ano, é uma consequência do caso envolvendo as Lojas Americanas, em recuperação judicial desde janeiro. Após a revelação de “inconsistências contábeis”, a empresa admitiu possuir débitos consideráveis, afetando o mercado de capitais.

As concessões de crédito tanto para empresas como para famílias desaceleraram, evidenciando uma postura mais restritiva na concessão e uma leve piora na capacidade de pagamento, especialmente em modalidades de maior risco, como o cartão de crédito. O atual ciclo de queda dos juros, aliado ao aumento da renda bruta das famílias e recomposições salariais, é previsto para ter um impacto positivo nos próximos trimestres.

Estabilidade Financeira e Testes de Estresse

Apesar dos desafios, o Sistema Financeiro Nacional é avaliado como confortavelmente capitalizado e com adequadas reservas para perdas esperadas, conforme destacado pelo BC em seu relatório. Testes de estresse realizados pelo órgão mostram a robustez do sistema bancário diante de diferentes cenários, incluindo situações de severa inadimplência e corrida aos bancos. O BC avaliou cenários de queda na economia mundial, aumento do desemprego e incertezas econômicas, demonstrando a resiliência do sistema bancário diante de desafios potenciais.

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