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Pnad Contínua Revela que 9,5 Milhões Estavam em Trabalho Remoto em 2022

No último trimestre de 2022, o Brasil testemunhou um contingente de aproximadamente 9,5 milhões de indivíduos envolvidos em trabalho remoto. Essa parcela da população, correspondente a 9,8% do total de 96,7 milhões de pessoas ocupadas, que não estavam afastadas do mercado de trabalho, engloba tanto os 2,1 milhões que executaram tarefas remotamente, porém não no formato de teletrabalho, uma vez que não utilizaram dispositivos de tecnologia da informação e comunicação (TIC) para desempenhar suas funções laborais.

Nesse mesmo período, aproximadamente 7,4 milhões de pessoas aderiram ao teletrabalho, uma categoria considerada um subconjunto do trabalho remoto. Estes profissionais conduziram suas atividades, pelo menos em parte, em locais alternativos ao ambiente padrão e empregaram equipamentos de TIC para realizá-las. “Estes equipamentos consistem em computadores, tablets ou outros dispositivos usados para a execução das tarefas de trabalho. Esse é o teletrabalho”, destacou Gustavo Geaquinto, analista responsável pela pesquisa.

Os dados divulgados fazem parte do módulo “Teletrabalho e Trabalho por Meio de Plataformas Digitais” da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), que foi apresentado pela primeira vez pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (25).

De acordo com o IBGE, as estatísticas são consideradas experimentais e estão atualmente em fase de avaliação e teste.

Metodologia:

Além de analisar o quarto trimestre de 2022, o inovador módulo “Teletrabalho e Trabalho por Meio de Plataformas Digitais” da Pnad Contínua baseou-se na população ocupada com 14 anos ou mais, incluindo exclusivamente o setor público e militares, e levou em consideração o trabalho único ou principal desempenhado pelas pessoas na semana de referência.

A metodologia adotada foi proposta pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), com adaptações à estrutura do questionário da Pnad Contínua. De acordo com a OIT, o trabalho remoto pode ser definido como a situação na qual o trabalho é realizado, total ou parcialmente, em um local diferente do local de trabalho padrão ou convencional.

“A pessoa tem um local de trabalho, por exemplo, é empregado de uma fábrica, e o local padrão de trabalho dele é naquela fábrica. Portanto, o trabalho remoto é realizado em um local alternativo a esse local padrão. Para ser considerado trabalho remoto, deve ser feito em um local diferente do que normalmente se espera. Por exemplo, um motorista de ônibus é empregado de uma empresa que tem uma sede, mas o local padrão de trabalho dele é o ônibus. Mesmo que ele trabalhe fora da sede da empresa, isso não é considerado trabalho remoto, porque o local padrão de trabalho é no veículo automotor, no ônibus”, explicou o analista Geaquinto.

Apesar de não ser uma tendência nova, nos últimos anos, o teletrabalho se expandiu, especialmente devido à pandemia de covid-19 e à necessidade subsequente de distanciamento social. No entanto, após o período de emergência em saúde pública, muitos trabalhadores retornaram ao trabalho presencial, enquanto uma parte permaneceu realizando atividades remotamente, ainda que em parte.

“Neste contexto, a divulgação de dados sobre teletrabalho desempenha um papel crucial ao fornecer informações valiosas sobre o perfil das pessoas envolvidas em teletrabalho e as atividades econômicas onde essa modalidade de trabalho é mais comum”, ressaltou Geaquinto.

O objetivo principal da pesquisa é identificar o número e as características das pessoas que realizaram teletrabalho por pelo menos 1 dia durante o período de referência de 30 dias. O analista da pesquisa explicou que não foram consideradas as pessoas afastadas do mercado de trabalho, uma vez que os dados relacionados ao trabalho remoto ou teletrabalho se referem a um período de 30 dias.

Setores de destaque:

De acordo com os resultados do levantamento, o setor de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas liderou com cerca de 25,8% das pessoas ocupadas praticando o teletrabalho por, no mínimo, um dia durante o período de referência da pesquisa. Em seguida, o setor de atividades relacionadas à administração pública (11,1%) e educação e saúde tiveram os próximos maiores percentuais de teletrabalhadores durante o período analisado.

O levantamento também revelou que mais mulheres (8,7%) estavam envolvidas em teletrabalho do que homens (6,8%). No que diz respeito à raça, as pessoas brancas lideraram o teletrabalho (11,0%), seguidas por pretos (5,2%) e pardos (4,8%). Quanto à faixa etária, o grupo de 25 a 39 anos teve o maior percentual de teletrabalhadores, com 9,7%, acima da média nacional. A menor proporção de trabalhadores nessa categoria estava entre adolescentes de 14 a 17 anos, com 1,2%.

Níveis de instrução:

No que se refere aos níveis de instrução, apenas 0,6% dos ocupados que não tinham concluído o ensino fundamental realizaram trabalho remoto com a utilização de equipamentos de TIC. A proporção aumentou para 1,3% entre aqueles com ensino fundamental completo ou ensino médio incompleto. Notavelmente, a maior proporção foi observada entre aqueles com ensino superior completo, onde 23,5% realizavam teletrabalho de forma ocasional ou regular, como destacado pela pesquisa.

Rendimento:

O rendimento médio da população ocupada no país atingiu a marca de R$ 2.714 no ano passado. No entanto, entre aqueles que realizaram pelo menos um dia de teletrabalho no período de referência, o rendimento médio foi 2,4 vezes maior do que a média nacional, totalizando R$ 6.479. De acordo com Geaquinto, essa diferença não se deve necessariamente ao teletrabalho, mas reflete a inclusão de profissionais com salários mais elevados, como gerentes e profissionais das áreas de ciências e intelectuais.

O rendimento médio mais alto no teletrabalho foi registrado na região Centro-Oeste (R$7.255), enquanto na região Nordeste, o rendimento médio foi o mais baixo (R$4.820). Em todas as regiões, a média de rendimento dos teletrabalhadores superou a dos não-teletrabalhadores.

O levantamento revelou que, em 2022, o percentual de empregadores envolvidos em teletrabalho, pelo menos em parte, atingiu 16,6%. Essa categoria profissional se destacou como a mais prevalente entre aqueles que adotaram essa modalidade de trabalho durante o período de referência. Em seguida, surgiram os empregados no setor público (11,6%) e os empregados no setor privado com carteira assinada (8,2%), conforme detalhado na pesquisa.

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