Jornal Opinião Goiás – Novo Zarc traz mais segurança para milho de 2ª safra

As novidades vão aperfeiçoar o zoneamento agrícola da cultura e beneficiando os mais diversos agentes da cadeia produtiva

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a cultura do milho de segunda safra passou por incrementos que já irão valer para o próximo plantio. Uma primeira novidade é que, agora, a influência da variável temperatura no desenvolvimento fenológico da planta passa a ser considerada. “A duração média dos ciclos de desenvolvimento está ajustada às variações de temperatura de cada região”, explica o geógrafo da Embrapa Balbino Evangelista, que é um dos responsáveis técnicos pelo zoneamento da cultura do milho.

 As portarias do Zarc do milho de 2ª safra foram publicadas no Diário Oficial da União.

“A revisão dos estudos de Zarc para o cultivo do milho de 2ª safra fez parte de uma ação prioritária conduzida pelo Mapa junto a Embrapa. Por se tratar de um cultivo realizado normalmente em um período de transição climática nas diversas regiões onde o cultivo é realizado, os riscos de seca e geada são agravados, por isso o gerenciamento do risco deve ser redobrado e o plantio realizado dentro da janela do zoneamento”, ressalta Pedro Loyola,  diretor de Gestão de Risco do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Outra mudança do zoneamento foi com relação ao risco de geada. Se, antes, esse risco era considerado apenas na fase considerada reprodutiva (que envolve o florescimento e o enchimento de grãos), agora passa a ser estimado durante todo o período sensível do ciclo do milho de segunda safra. Em outras palavras, aumentou o período de atenção a essa variável, que interfere bastante no desenvolvimento da cultura em algumas regiões do país.

O novo Zarc para o milho de segunda safra incorporou o risco de ocorrência de excesso de chuva durante um período essencial no campo: a colheita. A expectativa é de que essa novidade colabore significativamente para o aperfeiçoamento do zoneamento da cultura, sobretudo aquele voltado às lavouras da Região Norte. Uma outra novidade, que também já estará valendo na próxima safra, é o aperfeiçoamento do indicador que mede a satisfação da necessidade de água nos momentos de germinação e de desenvolvimento inicial da lavoura, o que vai reduzir o risco de ocorrência de seca na hora do plantio.

“Nas reuniões de validação externa, eu sempre digo que o Zarc traz benefícios para todos os diferentes elos da cadeia do agronegócio do milho, especialmente para o produtor que, ao semear na data indicada para o seu solo e cultivar melhor adaptada, pode reduzir os riscos e com isso aumentar sua produtividade e renda”, sintetiza Balbino sobre o zoneamento agrícola de risco climático.

O pesquisador complementa: “mas também é um instrumento importante e estratégico de planejamento e de tomada de decisão para cooperativas e sindicatos rurais, para agentes financeiros que lidam com crédito agrícola e seguro rural, para as seguradoras e resseguradoras privadas”, contemplando os vários agentes da cadeia produtiva de valor do milho.

Na visão de Balbino, hoje o Zarc (que já soma mais de duas décadas) é mais que um instrumento de política agrícola do governo, faz parte da política agrícola do Estado brasileiro. O geógrafo trabalha na Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO), que, além de pesquisas nessas duas áreas, tem trabalhos em sistemas agrícolas, por isso, o zoneamento é também estudado nessa unidade.

Ajustes

Anualmente, são feitas reuniões de validação com o setor produtivo de cada cultura trabalhada no Zarc. No caso do milho, que tem como responsáveis técnicos pelo zoneamento Balbino e Fernando Macena, pesquisador da Embrapa Cerrados (Planaltina-DF), houve ajustes importantes agora em 2020.

“Este foi o primeiro estudo de Zarc que passou por validação em todos os estados do Brasil e, mesmo em condições de pandemia, utilizando a Tecnologia da Informação, conseguimos reunir produtores, técnicos extensionistas, técnicos das secretarias de agricultura (estaduais e municipais), consultores técnicos, representantes de cooperativas e sindicatos rurais, agentes financeiros e demais integrantes da cadeia do agro do milho para submeter os estudos à validação”, destacou Balbino.

O agrônomo Gustavo Marquardt é responsável pelo departamento técnico da Fazenda Água Branca, que fica no município de Porto Nacional, na região central do Tocantins. Ele conta que na propriedade foram plantados 4.500 hectares de milho de 2ª safra e 131 hectares de milho de 1ª safra em 2019/2020. Sobre o zoneamento de risco climático, o agrônomo ressalta a importância para a região. “Acho que tem grande importância para cada região, principalmente para nossa, que tem muita gente vindo de fora ainda. E essa orientação diminui o nosso risco de alguém vir de fora (do Mato Grosso, por exemplo, em que chove mais cedo e melhor) e acabar plantando antes, fora da janela da região. O zoneamento é bom porque facilita essa parte e diminui o risco de cada produtor”.

Informações: MAPA

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