Jornal Opinião Goiás – Colostro, leite produzido pela mulher logo após o parto, fortalece o sistema imunológico e protege a saúde do bebê
O simples contato do leite materno com a mucosa da boca do bebê já é capaz de proporcionar diversos benefícios
O contato pele a pele entre mulher e criança e a amamentação na primeira hora de vida, após o nascimento, também chamada de “hora de ouro”, são de grande importância para estabelecer laços entre mãe e bebê. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), esses também são fatores de proteção contra mortes neonatais. Todas as mães devem receber apoio prático, permitindo que iniciem a amamentação e aprendam a lidar com as dificuldades comuns desse momento.
No Brasil, a prevalência do aleitamento materno na primeira hora de vida é de 62%. Nem todo recém-nascido está pronto para sugar imediatamente após o parto, mas devem ser colocados no abdômen/tórax da mãe desde que ela e bebê estejam bem e se esse for o desejo da mulher. O contato pele a pele logo após o parto ajuda o recém-nascido a se adaptar mais rapidamente à vida fora do útero e contribui para o estabelecimento da amamentação.
O leite amarelado e grosso que a mulher produz nos primeiros dias após o nascimento do bebê, conhecido como colostro, é o alimento ideal para o recém-nascido. Além de nutritivo, ajuda a proteger a criança contra infecções, pois contém grande quantidade de substâncias fundamentais no fortalecimento da imunidade.
O colostro da mãe de bebês nascidos prematuramente possui uma quantidade maior e mais específica de fatores imunológicos protetores. Em alguns casos, o sistema digestivo do prematuro ainda não está maduro o suficiente e não consegue ser amamentado logo nos primeiros dias de vida. Ainda assim, é importante ofertar o leite de forma terapêutica para contribuir com a proteção e recuperação do bebê.
O simples contato do leite materno com a mucosa da boca do bebê já é capaz de proporcionar diversos benefícios, conforme explica Janini Ginani, coordenadora-geral de Saúde Perinatal e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde. “Mesmo que a criança esteja sem a possibilidade de usar o trato gastrointestinal e não possa receber alimentação diretamente, o que temos visto nas pesquisas é que, colocar uma gotinha desse colostro na parte interna da bochechinha, já estimula uma colonização de bactérias saudáveis que vão proteger o bebê, evitando que ele tenha complicações”, defende.
Enterocolite Necrosante
A emergência gastrointestinal mais frequente e perigosa nesse período neonatal é a Enterocolite Necrosante (ECN), principalmente nos bebês em situação de prematuridade. Segundo a ONG Prematuridade, a ECN acomete de 0,1 a 0,7% dos nascidos vivos e cerca de 7% dos bebês internados em UTI neonatal. O problema também ocorre em cerca de 5 a 8% dos bebês nascidos com peso abaixo de 1,5kg. Ainda segundo a ONG, estudos mostram que o leite materno pode proteger as crianças prematuras da ECN.
É possível reduzir o risco de desenvolvimento da Enterocolite Necrosante atrasando a alimentação oral e aumentando progressivamente a quantidade de mamadas. A dieta enteral mínima ou trófica, que é a infusão de quantidades pequenas, com poucos mililitros de leite materno de forma precoce, pode ajudar a reduzir o risco de ECN.