Fernando Haddad: Ata do Copom Indica Interrupção dos Cortes de Juros
Nesta terça-feira (25), o Banco Central (BC) divulgou a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), reafirmando a interrupção, e não o fim dos cortes de juros, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Para Haddad, o documento está em linha com o comunicado divulgado após a decisão da semana passada, quando o BC manteve a taxa Selic em 10,5% ao ano.
“Dei uma olhada rápida na ata esta manhã e vejo que ela está muito alinhada ao comunicado, sem grandes surpresas, o que é positivo”, afirmou Haddad ao chegar ao Ministério da Fazenda. “A ata passa a ideia de que estamos em uma pausa [nos cortes da Selic] para avaliar os cenários interno e externo”, completou.
O documento, de tom cauteloso, indica que “a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente, em um nível que consolide tanto o processo de desinflação quanto a ancoragem das expectativas em relação às metas”. Apesar de não mencionar diretamente a possibilidade de aumento de juros, a ata destaca que eventuais ajustes futuros na Selic serão orientados pelo “firme compromisso de convergência da inflação à meta”.
Embora parte do mercado financeiro interprete que a ata sugere possíveis elevações dos juros, Haddad enfatizou que o documento destaca a pausa nos cortes para tomadas de decisões com base em novos dados econômicos. “Eventuais ajustes, se necessários, sempre ocorrerão. O importante é que a diretoria menciona a interrupção do ciclo, o que é uma diferença significativa a ser destacada”, ressaltou.
Nesta quarta-feira (26), o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidirá a meta de inflação de 2027, podendo revisar as metas de 2025 e 2026. Questionado sobre se a inflação atual poderia provocar mudanças nas metas já estabelecidas, Haddad disse que há uma pequena pressão inflacionária de curto prazo devido às enchentes no Rio Grande do Sul.
“O horizonte do Banco Central é de médio e longo prazo. Não faz muito sentido considerar o que está acontecendo no Rio Grande do Sul para a política monetária, pois os juros de hoje influenciam de 12 a 18 meses à frente”, concluiu.