Especial com Alcivando Lima – ENTERREM A MACHADINHA DE GUERRA, JÁ
Os poetas odeiam o ódio e fazem guerra à guerra. Pablo Neruda.
A morte do negro George Floyd, por um policial de Minneapolis, (Estados Unidos) está disseminando a violência no mundo, agravando a malevolência já existente. A ação deletéria do covid-19 está derretendo a economia mundial e o desemprego grassa em todos os setores. Entre nós, além da pandemia e desespero de uma fome iminente, assistimos o despontar de uma situação muito besta que os doutos chamam de retrógrada, anacrônica e antiquada: Confronto entre os três poderes. De cá, repito, um membro de um deles, esquece o pundonor e desce o porrete nos membros de outro poder e um destes, escreve de lá, cavalheiroso e loquaz: “Essa gravíssima aleivosia perpetrada por referido Ministro de Estado, consubstanciada em discurso contumelioso…”, que o Zé Simão (Folha de São Paulo) traduziu “Por que me chamastes de filho da puta?” acirra a ruptura institucional, desenterra o machado de guerra e daí ficamos no meio do tiroteio entre executivo, legislativo e judiciário.
Antes da pandemia, lembro-me dos momentos agônicos que senti em toda a extensão corporal quando internado num hospital e de ainda carregar um sem número de morbidades que debilitam enormemente o organismo humano; de pertencer ao grupo dos vulneráveis e sentir calafrios ao saber que uma junta médica ou mesmo um impassível médico, diante da incapacidade de atendimento, dizer “lamento”, a opção é salvar um corpo jovem que possa fortalecer a economia da nação. Na linda Estocolmo da Suécia com suas mais de cinqüenta pontes, seria alvo de olhares cúpidos dos taxidermistas por ter dezenas de primaveras no lombo e ser um estorvo que perdeu o direito de ocupar um leito de hospital onde a prioridade é não gastar tempo com um Matusalém que está com o pé na cova. Cruz credo!
Nosso Presidente tem pavio curto, não fica com nhenhenhém, manda logo calar a boca e com um olhar recriminador seca de pronto os ossos do entojado. Muitos vão morrer? Vão, paciência, é da vida! Daí, garram no pé dele por nomear sicrano ou beltrano para esse ou aquele cargo. Ora, se é da sua (dele) competência nomear e desnomear, porque a chiadeira? Se indicar gente sua (dele) um amigo de infância, um amigo do peito, aquele diante do qual se pensa em voz alta, a vaca vai pro brejo, esse pode não, vai fuxicar tudinho pro Presidente, tem que ser aqueleoutro que não enreda nadica pro Presidente, conta tudo aqui pra nós.
Continuam abertas as vagas para fiscal de máscaras naqueles locais em que o Presidente visitou e àqueles que, de supetão, visitará. Assim que ele, Presidente, apear do rocinante, Jet-ski ou helicóptero e sem máscara abraçar o povão, catando um boteco aqui, outro ali, pra comer pastel frito, o fiscal gentilmente aproximará e entregará nas mãos dele, Presidente, a multa pela infração e colherá sua assinatura no canhoto do talão de multas. Sem assinatura, necas, não vale, é nulo. Com os generais, almirantes e brigadeiros de duas, três e quatro estrelas, proceder-se-á Et similiter,(da mesma forma).
Post Scriptum: Não é permitido, nem que o grilo estrile, pregar com percevejo, tachinha ou mesmo grudar com cuspe a multa no santantonio da sela ou deixá-la sob o limpador do para brisa da limusine, ônibus, helicóptero ou avião.