Mais de 1,45 milhão de famílias assumiram dívidas nos últimos anos, aponta estudo
Por Gil Campos: Goiânia, 04/11/2024 – O endividamento das famílias brasileiras cresceu de forma expressiva nos últimos anos, segundo um estudo recente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Hoje, 77% das famílias possuem algum tipo de dívida, seja em contas não pagas ou financiamentos imobiliários. Esse aumento representa 1,45 milhão de famílias a mais endividadas em relação aos últimos dois anos. Além disso, 29% das famílias entrevistadas estão com contas em atraso, e 13% afirmaram que não têm condições ou perspectivas de quitar esses débitos.
A pesquisa, que entrevistou 18 mil famílias em 27 capitais, indica que mais da metade das famílias endividadas (52%) vivem no Sudeste. As capitais que concentram os maiores números de famílias com dívidas incluem São Paulo (2,88 milhões), Rio de Janeiro (2,03 milhões), Distrito Federal (765 mil), Belo Horizonte (745 mil) e Fortaleza (712 mil).
Capitais com maiores e menores índices de endividamento
Porto Alegre e Vitória lideram em termos de percentual de endividados, com 91% das famílias. Em seguida, Belo Horizonte, Boa Vista e Curitiba registram 90%, e Fortaleza aparece com 88%. Já as menores taxas de endividamento foram observadas em Campo Grande e Salvador (66%), Goiânia e Macapá (68%) e Belém (69%).
Aumento do endividamento em 2024
Em comparação a 2022, o percentual de famílias endividadas aumentou em capitais como Teresina (de 61% para 86%), João Pessoa (de 78% para 87%), Porto Velho (de 72% para 84%) e Fortaleza (de 71% para 88%). Em contrapartida, cidades como Rio Branco (de 89% para 77%), São Paulo (de 75% para 68%) e Curitiba (de 95% para 90%) mostraram queda no número de famílias endividadas.
Riscos e impactos econômicos
A FecomercioSP ressaltou que o endividamento crescente reflete diferenças econômicas regionais e está associado a fatores como inflação, juros altos e renda familiar. Esses aspectos contribuem para o encarecimento do crédito e aumentam o risco de inadimplência, especialmente em um cenário de pressão inflacionária. Apesar de facilitar o acesso ao crédito, o endividamento pode ter consequências negativas se não for bem gerido, levando à exclusão do mercado para muitas famílias.
Segundo o economista Fábio Pina, assessor da FecomercioSP, embora o nível de endividamento atual esteja acima da média histórica, os índices de emprego e um mercado de trabalho aquecido podem ajudar as famílias a reorganizarem suas finanças. “Eu não prevejo uma crise abrupta, mas uma desaceleração gradual na economia para o próximo ano. Isso permitirá ajustes tanto no setor privado quanto no governo, conforme necessário”, explicou Pina.