Juros do cartão de crédito caem e atingem 426,9% ao ano em agosto
A taxa média de juros do cartão de crédito rotativo caiu para 426,9% ao ano em agosto de 2024, uma queda de 5,3 pontos percentuais em comparação com julho de 2024, quando estava em 432,2% ao ano, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (27) pelo Banco Central (BC). A redução reflete o impacto da limitação do rotativo, em vigor desde o início do ano, que já apresenta efeitos na economia familiar.
Apesar da queda, essa modalidade ainda se destaca como uma das mais caras do mercado de crédito. No acumulado de 12 meses, a redução foi de 18,6 pontos percentuais.
Como funciona o crédito rotativo
O crédito rotativo é o valor que o consumidor utiliza quando paga menos que o total da fatura do cartão, entrando em uma espécie de empréstimo com juros sobre o saldo devedor. A partir de 30 dias, se a dívida não for quitada, o banco converte o saldo em parcelamento automático, que, em agosto, apresentou uma taxa de juros de 182% ao ano, 4 pontos percentuais a mais do que no mês anterior.
A regulamentação para limitar os juros do rotativo a 100% do valor da dívida foi uma medida que tenta conter o endividamento, mas só afeta novos financiamentos, o que justifica o impacto mais lento na estatística econômica.
Cenário do cheque especial e inadimplência
Enquanto o cartão de crédito rotativo apresenta uma leve melhora, o cheque especial mostra o contrário. Em agosto, a taxa média dessa modalidade subiu para 134,3% ao ano, refletindo o aumento da inadimplência e o fim do ciclo de queda da Selic. Desde 2020, os juros do cheque especial estão limitados a 8% ao mês (151,82% ao ano), mas as condições econômicas vêm pressionando essas taxas.
Já a inadimplência de pessoas físicas se manteve estável em 3,8% em agosto, segundo o Banco Central, com os atrasos acima de 90 dias refletindo uma leve oscilação ao longo do ano.
O impacto dos juros no crédito às pessoas físicas
A taxa média de crédito livre para pessoas físicas caiu para 51,9% ao ano, acumulando um recuo de 0,2 ponto percentual em agosto. No entanto, a expectativa é de alta para os próximos meses, em função da recente elevação da taxa Selic para 10,75% ao ano, o que pode afetar diretamente os financiamentos de longo prazo e a capacidade de consumo das famílias.
Essa perspectiva coloca pressão sobre a saúde financeira das famílias, principalmente diante do aumento das despesas com crédito pessoal e cartão de crédito, sendo necessário um controle maior para evitar o crescimento do endividamento familiar e a diminuição do poder de compra.
Análise Crítica
A queda nas taxas de juros do cartão de crédito rotativo em agosto de 2024 pode ser um alívio momentâneo para os consumidores, mas o cenário de alta inadimplência e o aumento nas taxas de cheque especial indicam um panorama preocupante para os próximos meses. Com o aumento da Selic, espera-se uma pressão maior sobre o endividamento das famílias e, consequentemente, uma dificuldade crescente no acesso ao crédito a longo prazo. A queda no crédito às pessoas físicas deve ser monitorada com cautela, pois pode impactar diretamente o consumo, o que seria prejudicial para o crescimento econômico.