Ipea eleva projeção do PIB do Brasil para 3,3% em 2024 e prevê 2,4% para 2025
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revisou para cima a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024, ajustando de 2,2% para 3,3%. Para 2025, a previsão foi ligeiramente alterada, subindo de 2,3% para 2,4%. A correção reflete a retomada econômica impulsionada pelo mercado de trabalho aquecido e melhores condições de crédito ao longo do ano.
Os dados divulgados pelo Grupo de Conjuntura da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea indicam que os impactos negativos das enchentes no Rio Grande do Sul foram de curta duração. Embora tenham causado volatilidade nos meses de maio e junho, o PIB agregado manteve uma trajetória positiva no terceiro trimestre de 2024, com recuperação econômica registrada nos meses subsequentes.
Consumo interno impulsiona economia
Um dos maiores motores da economia brasileira tem sido o consumo das famílias, que se mantém em alta graças à melhora no crédito e ao mercado de trabalho positivo. As vendas de bens e serviços, em especial, continuam crescendo, tornando-se o principal pilar do PIB. A demanda por bens de capital, que apresentou resultados decepcionantes em 2023, também voltou a crescer, beneficiando a indústria de transformação, embora a um ritmo moderado.
Além disso, o crescimento das importações reflete o aumento do consumo aparente de bens industriais, enquanto as exportações, que desempenharam um papel crucial no crescimento de 2023, mostram sinais de desaceleração neste ano.
Desafios para o segundo semestre
Apesar do forte desempenho nos primeiros meses do ano, o Ipea aponta que o segundo semestre pode enfrentar uma desaceleração no ritmo de crescimento. O recente ciclo de alta nas taxas de juros, iniciado pelo Banco Central em setembro, combinado com um menor estímulo fiscal do governo, deverá impactar o crescimento econômico nos próximos meses.
Além disso, apesar do aumento na massa de rendimentos das famílias, o setor de serviços registrou uma alta nos preços, o que pode reduzir o poder de compra e limitar o crescimento do consumo.
A inflação em 12 meses, embora ainda abaixo dos níveis de 2023, também deve passar por uma leve aceleração no último trimestre de 2024. No entanto, o Ipea acredita que o índice ainda se manterá inferior aos 4,6% registrados no ano passado.
Expectativas para 2025
O cenário para 2025 indica um crescimento mais moderado de 2,4%, impulsionado principalmente pelos investimentos em setores como infraestrutura e indústria de transformação. Contudo, o contexto internacional e as decisões de política econômica, como a manutenção da taxa de juros elevada, precisarão ser acompanhados de perto para garantir que o Brasil continue em trajetória de crescimento sustentável.
Análise Crítica
Embora a revisão para cima das projeções do PIB em 2024 seja um indicativo positivo de recuperação econômica, é importante observar os desafios que a economia brasileira enfrentará nos próximos meses. O aumento das taxas de juros pode desacelerar o consumo e o investimento, enquanto a pressão inflacionária no setor de serviços pode comprometer os ganhos de renda. Além disso, a desaceleração das exportações sugere que o Brasil precisará contar com a demanda interna para manter o crescimento. A política econômica precisa ser cuidadosamente ajustada para garantir que o crescimento não seja freado por pressões inflacionárias ou por um enfraquecimento da confiança no mercado interno.