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Especial com Rafael Aparecido Mateus de Barros – O novo velho, e a crise do velho novo

Nunca imaginei e duvido que qualquer pessoa o fizesse, mesmo o mais obscurantista, anti-intelectualista, anti-ciência e crente de correntes típicas de redes sociais, poderia conjecturar, o Coronavírus e a doença que produz milhões de infectados e milhares de mortes, à Covid-19. É certo que em meio as muitas determinações enredadas à pandemia: econômicas; culturais; políticas; sociais; é preciso dizer há, em paralelo, uma reestruturação da vida – produtiva e reprodutiva – e, ao meu ver, o cariz com o qual se apresenta os primeiros contornos, desse novo pacto social, erigido sobre a emergência sanitária não é aprazível aos olhos.

E aqui é o vislumbre de quem percebe uma tendência imanente a esta que a forma contemporânea de sociabilidade, qual seja: o capitalismo. Aí, nesse tocante, compreende-se as formas materiais de enfrentamento à crise que é, aparentemente, engendrada pelo Coronavírus, no entanto alguém que acredite na ciência enquanto representação capaz de explicar os fenômenos econômicos, perceberá que as correntes típicas das redes sociais, as notícias que dizem aquilo que quero ver e as opiniões são meros apanágios. Bem, a estupidez pede à Ciência respostas como quem visualiza uma mensagem de WhatsApp e a compreende do mesmo modo como a política, ou seja, se podemos determinar à direção política do país através deste aplicativo, porquê não à ciência? É evidente, mas, assim mesmo, precisa de decifração.

Aos incautos para aqueles aos quais, ciência e  “corrente” de Whatsapp apenas se distanciam na quantidade de pessoas necessárias, vale o alerta: a primeira precisa de sucessivos testes em diversas populações, com protocolos, métodos, metodologia e rigor para que um experimento corrobore outro – grosseiramente falando – e se assegure, mesmo que brevemente, consenso; já o segundo, precisa de pessoas dispostas à reproduzir sem critério algum, exceto o personalismo, que lhe assegure à licitude de enviar uma mensagem, sem saber quem, onde, como e porque isso chegou até o seu conhecimento. A primeira é questionada e, como ocorre o tempo que se exige para a verificação e observação cientifica é orgânico, portanto, lento para quem lê com o polegar e escreve com previsão de texto dos aplicativos de conversa. Isto impõe o desagradável resultado o qual resumi-se ao seguinte sintagma: enquanto o cientista veste o jaleco à notícia falsa já correu o mundo, em cinco idiomas diferentes. Mas, veja só, o problema não é da ciência!

Por outro lado, está em disputa o futuro em curto prazo, este que calibrará as relações de trabalho, bem como determinará a configuração geopolítica global para o próximo quarto de século. Não vejo mais que o lúgubre enterro da sociedade até aqui conhecida. O século XX morre agora e em seu enterro morrerá o estado democrático de direito, morrerá também a amalgama que recobria os olhos de quem depositou todas as esperanças em um futuro harmonioso mesmo sabendo que à história mostra que a violência é padrão para enfrentar graves crises humanitárias.

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