Banco Central eleva taxa Selic para 11,25% ao ano, reforçando controle da inflação em meio a cenário econômico incerto
Pressões inflacionárias e alta do dólar impulsionam novo aumento de juros decidido pelo Copom, que busca conter a inflação e estabilizar a economia.
Por Gil Campos: Goiânia, 6 de novembro de 2024 – O Banco Central (BC) anunciou um aumento na taxa básica de juros da economia, elevando a Selic para 11,25% ao ano. A decisão, tomada por unanimidade pelo Comitê de Política Monetária (Copom), visa conter a inflação diante das recentes altas no dólar e incertezas econômicas globais. O ajuste de 0,5 ponto percentual já era previsto pelo mercado e marca a continuidade de um ciclo de alta dos juros.
Política Monetária e Cenário de Inflação
A Selic, que se manteve em 13,75% ao ano até agosto de 2023, passou por reduções nos últimos meses, atingindo 10,5% em julho. No entanto, o Copom retomou as elevações em setembro e, com o cenário atual, intensifica o controle inflacionário através deste aumento mais expressivo.
Impacto da Inflação no IPCA
A taxa Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em setembro, o índice teve alta de 0,44%, pressionado pela conta de luz mais cara e pela elevação nos preços dos alimentos, afetados pela seca. Nos últimos 12 meses, o IPCA acumula 4,42%, se aproximando do teto da meta de 4,5% definida para 2024.
Expectativas do Mercado e Projeções do Banco Central
As previsões do mercado seguem em alerta. Segundo o boletim Focus, divulgado pelo BC, a inflação deve encerrar o ano em 4,59%, superando o teto da meta. Já o Copom projeta que o IPCA atinja 4,6% em 2024, 3,9% em 2025 e 3,6% no acumulado em 12 meses no primeiro trimestre de 2026. A projeção reflete a preocupação com o cenário econômico e a necessidade de uma política monetária firme.
Consequências do Aumento no Crédito e no Crescimento Econômico
Com a Selic mais alta, o crédito se torna mais caro, o que reduz o consumo e a produção, ajudando a conter a inflação. Por outro lado, essa medida impacta o crescimento econômico. O Banco Central revisou para 3,2% a previsão de expansão do PIB em 2024, ajustando o cenário após o crescimento de 3,1% no ano passado.
A taxa Selic influencia todas as demais taxas de juros da economia, servindo como referência para o mercado financeiro. Ao elevá-la, o Banco Central busca estabilizar os preços e manter a inflação sob controle. O próximo encontro do Copom, agendado para dezembro, trará novos direcionamentos para a política monetária em um cenário de desafios econômicos internos e externos.
Análise Crítica
O Banco Central adota uma postura firme com o aumento da Selic, buscando controlar a inflação em um momento de forte pressão sobre os preços, especialmente de alimentos e energia. No entanto, a elevação dos juros também freia o crescimento econômico, impondo um dilema entre a estabilização dos preços e a continuidade da expansão econômica. Com o cenário global adverso, o Brasil enfrenta um desafio de manter a inflação dentro da meta sem comprometer a recuperação econômica. A decisão atual reflete um equilíbrio delicado entre esses fatores, sugerindo que novos ajustes poderão ser necessários caso o cenário inflacionário se agrave.