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Especial com Alcivando Lima – TERRIVELMENTE MACHO

“Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.” Clarice Lispector – (frases Pensador).

— Vou às lágrimas ao ver alegria estampada no rosto duma avó por receber uma cesta de alimentos adredemente acondicionada por gente especializada no ramo de empacotar.

— Uai, Jerê, (Jeremoabo) — retrucou Badeu, (Clarisbadeu) comendo um palito de fósforo riscado — que coisa mais sem graça essa de desmilinguir-se ao ver gente recebendo cesta básica! Tudo quanto é pobre recebe e tem até rico fingindo-se de pobre sacando a ajuda do governo, fazendo a imprensa televisiva cair de pau em riba de nós, rogando socorro pros coitadinhos.

— Parece coisa sem graça, mas não é, Badeu! A vovozinha sustenta as filhas parideiras cujos maridos, ou concubinos, caíram na saroba ou morreram apunhalados, varridos por rajadas de metralhadoras e deixaram uma renca de netas no ponto de ser enxertadas pelos machos de plantão.

— Também pudera, uai! — Encafifou Badeu — Andam com bunda e peito de fora, aspergindo olência de feromônios no ar e a machaiada avança o sinal e daí vem mais bocas a reclamar comida, a reclamar aquelas caríssimas roupas rasgadas, trapos que os artistas usam; exigem comer carne e arroz todo dia e quer perfume importado, celular de ponta, tênis de marca, pistola ponto 40 e dana a roubar camionetonas e trocar tiros com a polícia. Em busca de notoriedade, esta escória aparece na TV por latrocínio, parricídio, pedofilia ou estupro de octogenária. Uma vez famoso, chove fêmeas aluada na sua roça e como paga emprenha-as continuamente.

— Acredite Badeu, as coisas estão mudando! Tem gente grande, sabida e com força suficiente pra dobrar a espinha desses párias e não vai deixar esses ladrões chutar ou morder cachorro nenhum; vai calar a pretensão estridente desses comunistas que só sabem descer o porrete num governo sério e bão como esse — Redarguiu Jeremoabo, aconchegado no ninho da égua.

Badeu, mordendo ouro palito de fósforo riscado, retorquiu: — Sei da gente a que você se refere, Jerê: Vivandeiras seguindo tropas. Uma delas, com cara de gente inteligente, disse e todos concordaram bovinamente, que agora temos um macho, um muito macho segurando as rédeas desse cavalo desembestado; isto me lembrou o João Ubaldo contando a história dum jegue na sua sanha libidinosa. Por qualquer dois mirréis esse jegue desabainhava sua arma, mostrando sua macheza e se insinuava para as fêmeas da sua laia e para as mulheres que passasse rente ao seu cercado, com umas afirmando que chegou a sentir no cangote um leve bafo desse jegue terrivelmente macho.

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Alcivando Lima - Opinião Leitor

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