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Especial com Alcivando Lima – E O TIROTEIO NÃO CESSA

“Pelas estatísticas, o lugar mais perigoso do mundo é a cama, pois é o lugar onde mais se morre”. Daina Ruttul – Jornalista.

— Sei não, — falei-lhe de sobrolho fechado — não dá pra se entusiasmar ou acoroçoar-se com coisa alguma. Recebi mil citações de ânimo dos amigos, além daquela do chefão de não ser maricas, porra, seja homem. Sou meio quarta-feira e não atinei se nisto está incluído as lindas mulheres; Bafejaram, exortaram-me para não me abater pelo pessimismo de um bunda-suja qualquer; arriba muchacho, cantaram-me; empresas continuam a ofertar-me bugigangas de que não preciso num eterno espetáculo de fonte luminosa.

— Tu ta parecendo gente do governo, — retrucou, achando-me insuportavelmente insignificante — gente enfezada, no ponto de briga por lhe encherem o saco atrás de vacina, seringa, décimo quarto salário, auxílio emergencial pro resto da vida, bolsa família, vale transporte, vagas em UTI mais isto e mais aquiloutro. Tu não agüenta mais, não? Acha o povo uma craca grudada?… Chog! … Quer dizer: Chega! Manda-os mamar na gata!

— Não! — respondi-lhe com um suspiro agônico — Não estou berrando à toa! Venha cá e raciocine comigo: Anunciou-se o aumento de um pouco mais de cinco por cento ao salário mínimo e como reagiram as orelhas ossudas? Aumentaram o preço do arroz, do feijão, da carne, triplicaram o preço do óleo de soja, do fubá, aumentam o preço da gasolina, do etanol, do gás de cozinha, do diesel, da conta da energia, do medicamento e agora vem o aumento do pão, das verduras, das frutas, do material escolar, com o real valendo uma merreca diante do dólar e tu achas que to esbugalhando os olhos à toa? Tu não sabes, mas eu sei de fonte fidedigna: Tem gente pedindo pra lamber a tampinha do potinho do iogurte que alguém comprou na padaria. Agora, vem o raio paralisante: Vereadores e prefeitos, coitadinhos, tiveram seus parcos vencimentos aumentados em quinhentos por cento.

— Olhe — respondeu-me mostrando caninos envenenados — Ganham pouco e trabalham muito e tem o povim no calcanhar pedindo desde absorventes, passagens pra férias na Bahia e pra Buenos Aires, tomar vacina. Vós quereis o quê? Que ganhem o salário mínimo, utilizem e dirijam seus próprios carrões, pagando do seu bolso a gasolina ou diesel da camionetona? Se quiser secretárias e demais funcionários meta a mão no bolso, idem pro cafezinho, água mineral, balinhas, chá e bolachas?

— Não, não! É que nada ruboriza as bochechas quadradas ou redondas dos nababos. Queria, quero que cesse as mordomias e não aumente os impostos e taxas para o trabalhador. Só isto. Se assim não fizer, o tiroteio não para.

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Alcivando Lima - Opinião Leitor

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