Copom decide possível aumento da taxa Selic para conter pressões inflacionárias
Juros básicos podem subir para 11,25% ao ano em meio a alta do dólar e impacto da seca sobre preços de alimentos e energia
Por Gil Campos: Goiânia, 6 de novembro de 2024 – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) define nesta quarta-feira (6) a nova taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 10,75% ao ano. Segundo o boletim Focus, que reúne projeções do mercado financeiro, é esperado um aumento de 0,5 ponto percentual, levando a Selic para 11,25% ao ano. O aumento visa conter as pressões inflacionárias decorrentes da recente alta do dólar e do impacto da seca, fatores que têm elevado o custo da energia e dos alimentos.
Cenário econômico e desafios da inflação
A inflação brasileira mostra tendência de alta, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrando 0,44% em outubro, pressionado pela bandeira vermelha nas contas de luz e pelo aumento dos preços dos alimentos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou em setembro que a seca prolongada já afeta o custo de produtos alimentares, ressaltando que o problema exige soluções além da elevação dos juros.
De acordo com o boletim Focus, a projeção de inflação para 2024 foi reajustada para 4,59%, ultrapassando a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3%, com um intervalo de tolerância de até 1,5 ponto percentual. Esse cenário representa um desafio para o Banco Central, que busca balancear uma política monetária restritiva para garantir estabilidade.
Evolução da taxa Selic e as expectativas para 2024
Após um longo período de alta, a Selic ficou estável em 13,75% ao ano entre agosto de 2021 e agosto de 2022. Em seguida, iniciou-se um ciclo de cortes que reduziu a taxa para os níveis atuais, mas as pressões inflacionárias mais recentes levaram o BC a iniciar um novo ciclo de alta. Para o final de 2024, as previsões indicam que a Selic pode chegar a 11,75% ao ano, refletindo a cautela do Banco Central em meio ao contexto atual.
O papel da Selic no controle da inflação
A taxa Selic é a principal ferramenta do Banco Central para manter a inflação sob controle. Ao elevar os juros, o Banco Central busca reduzir a demanda, encarecendo o crédito e incentivando a poupança, o que pode estabilizar os preços. Contudo, essa estratégia também tem impacto sobre o crescimento econômico, tornando o crédito mais caro e inibindo investimentos.
Em um cenário de forte pressão sobre os preços, essa política monetária mais rígida é considerada essencial para conter a inflação e garantir uma economia mais equilibrada a longo prazo.
Ciclo de alta dos juros e seus efeitos
Na ata de sua última reunião, o Copom destacou que o contexto econômico atual exige uma postura contracionista. O aumento no valor do dólar e as pressões sobre o mercado de trabalho contribuem para a necessidade de elevação gradual da Selic. A valorização do dólar impacta diretamente o custo de bens importados, o que se reflete na inflação de itens essenciais para os consumidores brasileiros.
Expectativas para o controle da inflação
A meta do Banco Central para a inflação em 2024 é de 3%, com um intervalo de tolerância de até 1,5 ponto percentual, estabelecendo um teto de 4,5%. Em seu último Relatório de Inflação, divulgado em setembro, o BC estimou que o IPCA encerrará o ano em 4,31%. Contudo, as recentes pressões da alta do dólar e da seca podem levar a uma revisão dessas projeções no próximo relatório, previsto para dezembro.
Análise crítica
A decisão do Copom de ajustar a Selic reflete a complexidade do cenário econômico brasileiro, onde o Banco Central equilibra a necessidade de controle inflacionário com os impactos sobre o crescimento. Esse aumento dos juros, embora afete o custo do crédito, é uma medida essencial para manter a estabilidade dos preços. Em um contexto de pressões externas e desafios internos, essa política se torna um pilar da estratégia econômica para garantir crescimento sustentável.
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