Novo estudo revela fatores cruciais para prevenir demência em até 45% dos casos
Goiânia, 16 de outubro de 2024, 18h57 – Um estudo inédito publicado em 10 de agosto pelo Lancet Commission on Dementia aponta que controlar fatores de risco ao longo da vida pode reduzir significativamente as chances de desenvolver demência. A pesquisa lista 14 fatores-chave, dois deles novos: o comprometimento da visão e os níveis elevados de colesterol LDL (conhecido como “colesterol ruim”), que não haviam sido identificados na versão anterior do estudo, em 2020.
Segundo a geriatra Thais Ioshimoto, do Hospital Israelita Albert Einstein, 45% dos fatores de risco podem ser evitados. “Esses fatores incluem desde hábitos simples como uma alimentação saudável e exercícios regulares até o controle de doenças crônicas como hipertensão e diabetes. Adotar essas práticas desde a infância pode formar uma ‘reserva cognitiva’ que ajuda o cérebro a lidar melhor com o envelhecimento”, afirma.
Estimulação cerebral contínua é essencial
Um dos pontos de destaque no estudo é a importância de manter o cérebro ativo ao longo da vida. Atividades como aprender uma nova língua, praticar esportes ou tocar instrumentos musicais criam novas conexões neurais, fundamentais para o bom funcionamento cognitivo. “O cérebro se adapta às rotinas. Para garantir uma estimulação contínua, é preciso desafiar a mente com coisas novas, evitando atividades repetitivas e pouco estimulantes”, alerta a geriatra.
Propósito de vida também faz diferença
Outro fator relevante é a manutenção de um propósito de vida, o que, segundo os pesquisadores, mantém a mente focada e ajuda a preservar a saúde mental. “Pessoas que têm objetivos claros, como ver os netos crescerem ou realizar um sonho de vida, tendem a envelhecer de forma mais saudável, tanto física quanto mentalmente”, afirma Thais Ioshimoto.
Dados alarmantes sobre demência no Brasil
A demência, que inclui doenças como o Alzheimer, já afeta milhões de brasileiros, sendo uma das principais causas de morte entre idosos. Estima-se que o Brasil terá um crescimento exponencial de casos nos próximos anos, conforme a população envelhece. Isso reforça a necessidade de políticas públicas voltadas para a prevenção de doenças neurodegenerativas.
Análise crítica
A prevenção da demência, como mostra o estudo, é um esforço que precisa começar cedo. No entanto, o desafio no Brasil é que muitos dos fatores de risco identificados, como o controle de doenças crônicas e o acesso à educação de qualidade, são inalcançáveis para grande parte da população, especialmente em áreas menos desenvolvidas. O governo precisa investir em campanhas de conscientização e programas de saúde pública que incentivem a prevenção desde a infância.
Além disso, a saúde mental no Brasil ainda é subvalorizada. Com o envelhecimento da população, investir na prevenção da demência pode aliviar futuramente o sistema de saúde, que já enfrenta grandes desafios. É essencial que o país adote uma abordagem mais proativa, promovendo um envelhecimento saudável com acesso a tratamentos preventivos e educação sobre a saúde cerebral.